quinta-feira, 19 de julho de 2012

Procura-se um amigo


Não precisa ser homem,
Basta ter coração.
Precisa saber falar
E saber calar,
Sobre tudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia,
Da madrugada fria,
De pássaros, de sol, da lua,
Do canto das brisas.
Deve ter amor,
Um grande amor por alguém,
Ou então sentir falta
De não ter esse amor.
Deve amar ao próximo,
E respeitar a dor
Que todos os amantes levam consigo.
Deve guardar segredo
Sem se sacrificar.
Não é preciso que seja
De primeira mão,
Nem é imprescindível
Que seja de segunda mão.
Pode já ter sido enganado.
Não é preciso que seja puro,
Nem seja de todo impuro,
Mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal,
E medo de perde-lo,
E no caso de assim não ser,
Deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas.
Seu principal objetivo
Deve ser o de ser amigo.
De sentir pena das pessoas tristes
E compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças
E lamentar os que não puderam nascer.
Procura-se um amigo,
Para gostar dos mesmos gostos.
Que se comova
Quando chamado de amigo.
Que conserve de coisas simples,
De orvalhos, de grandes chuvas
E de recordações da infância.
Precisa-se de um amigo
Para não enlouquecer,
Para contar o que se viu
De belo e triste durante o dia,
Dos anseios e das realizações,
Dos sonhos e da realidade.
Deve gostar das ruas desertas,
De poças de chuva,
De se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo,
Que diga que vale a pena viver,
Não porque a vida é bela,
Mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo
Para se parar de chorar.
Para não se viver debruçada no passado
Em busca de memórias queridas.
Que nos bata no ombro,
Sorrindo e chorando,
Mas que vós chama de amigo.
Precisa-se de um amigo
Que creia em mim.
Precisa-se de um amigo
Para se ter consciência
De que ainda se vive...

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